Foto: Reprodução/Facebook
Era tarde do dia 29 de agosto quando João Ronaldo Dias, de 38 anos, passeava na lagoa Várzea das Flores, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, com sua esposa e cinco filhos. Enquanto andavam pelo local, ele achou uma carteira com vários documentos, cartões e R$ 600 em espécie. Sem pensar muito, guardou tudo e fez uma publicação no Facebook pedindo para que, se alguém conhecesse Rafael de Oliveira Santos, de 19 anos, entrasse em contato, pois queria devolver o item e o dinheiro ao dono. A atitude gerou milhares de compartilhamentos, e naquele mesmo dia a história teve um final feliz.
“Tinha ido à lagoa (Várzea das Flores) com minha esposa e meus filhos. Vi de longe a carteira na rua, parei e vi que tinha documentos e R$ 600 em dinheiro. Aí pensei: se anunciar que achei a carteira com dinheiro, monte de interessados vão querer. Só que vi que tinha documento, o que ajudou. Assim que cheguei em casa, fiz o post, e em menos de uma hora e meia já tinha mais de mil compartilhamentos. Naquele dia, recebi a mensagem do próprio Rafael, que entrou em contato comigo, mandei o endereço da minha casa, e ele veio buscar”, conta João Dias.
Segundo João, ao chegar à sua casa, Rafael nem quis conferir se todos os itens estavam na carteira, tamanho o agradecimento pela atitude, oferecendo parte do valor devolvido como recompensa, o que só foi aceito após insistência, já que ele não tinha esse desejo inicialmente.
“Entreguei a carteira, e ele nem conferiu. Já veio me agradecendo. Disse para conferir se tudo estava ali, e ele só sabia agradecer. Aí ele conferiu, me deu R$ 100, falei que não precisava, ele insistiu e colocou o dinheiro no meu bolso”, contou João, que completou explicando que a atitude ajudou Rafael a não perder a pauta de seu exame para direção de moto. “Ele me explicou toda a situação, que estava tirando carteira de moto e que, se não conseguisse os documentos, iria perder a pauta, já que precisaria de uma segunda via deles e não daria tempo”, afirmou.
A atitude gerou uma imensa repercussão positiva, com várias pessoas entrando em contato para elogiar sua postura.
“Recebi muitas mensagens no Facebook, de sargento da Polícia Militar a dono de sorveteria, que falou que eu e meus filhos teríamos passe livre para ir lá. Outras pessoas me chamaram até para churrasco. Teve gente que me chamou para beber, sendo que eu nem bebo. Teve um até que me elogiou, falando que não teria a mesma atitude, mas depois mudou de ideia”, relata João..
CONSCIÊNCIA TRANQUILA
Apesar disso, João Dias garante que em momento nenhum pensava na repercussão. Nem mesmo o fato de estar desempregado, já que era comerciante autônomo, mas precisou entregar sua loja devido à pandemia, lhe daria a tranquilidade de gastar aquele dinheiro, já que não era seu.
“Eu só fiz o que minha mãe me ensinou. Se eu tivesse ficado com o dinheiro, iria ficar com a conciência pesada. Não me pertenciam. Com os R$ 100 que me deu, comprei o que estava precisando, mas só gastei porque estava tranquilo comigo mesmo. Ganhei muito mais devolvendo pra ele”, explica João, que está prestes a abrir uma empresa de seguros com um irmão.
