As viaturas blindadas de transporte de pessoal sobre rodas (VBTP-MSR) 6X6 Guarani, propriedade intelectual do Exército Brasileiro, foram vendidas para o Exército das Filipinas pela empresa israelense Elbit Systems em um grande pacote entre governos de fornecimento de diversos sistemas de armas, via a Diretoria de Cooperação em Defesa Internacional do Ministério da Defesa de Israel (SIBAT).
No pátio da multinacional italiana IDV – Iveco Defence Vehicles, 5 unidades, de um contrato de US$ 46 milhões para fornecimento de 28 viaturas Guarani, estão prontas desde junho de 2022 e aguardam a licença alemã para reexportação.
Atualmente, a Diretoria de Fabricação do Exército e a IDV estão atualizando o projeto do Guarani, incluindo a substituição dos componentes de origem alemã.
A viatura blindada foi vendida para Gana, cuja fabricação começa este ano, e corre o risco de ter a exportação também embargada. O Guarani já foi exportado para o Líbano (16 unidades) e a Argentina está negociando a compra de 156 unidades.
A venda dos 28 blindados brasileiros para as Filipinas foi negociada em 2017. A encomenda poderia chegar a 114 viaturas Guarani.
Filipinas
As Filipinas acabaram de fechar um acordo, em 2 de fevereiro, com os EUA para acesso a quatro bases militares da nação-arquipélago, completando um arco dos Estados Unidos em torno da China.
Foi revisto o Acordo de Cooperação de Defesa Reforçada (EDCA), um acordo de 2014 entre Manila e Washington que permite a rotação de tropas americanas nas Filipinas e sua operação de instalações em bases filipinas, bem como o Tratado de Defesa Mútua (MDT) e o Acordo de Forças Visitantes (VFA).
O acordo reverte em parte a saída dos Estados Unidos de sua ex-colônia, há mais de 30 anos. Nos anos 1980, as Filipinas abrigavam 15 mil soldados americanos e duas das maiores bases militares dos EUA na Ásia.
A Estratégia Indo-Pacífico, lançada por Biden em fevereiro de 2022, “procura garantir a proeminência contínua dos EUA na região e restringir os esforços da China para alterar o equilíbrio de poder a favor de Pequim”, de acordo com o resumo de políticas “Estratégia Indo-Pacífico em Evolução da América: Implicações para a aliança Filipinas-EUA”, publicado pelo Colégio de Defesa Nacional das Filipinas (NDCP).
A região do Indo-Pacífico é considerada pelo governo dos EUA como a “região de crescimento mais rápido do planeta”, pois representa 60% da economia mundial.
Não se pode descartar que as aspirações da Alemanha em se tornar a maior potência militar da Europa, e seus planos de intensificar a produção e exportação de armas, inclusive para regiões em conflito do planeta, podem ter tido algum peso na decisão de embargar os blindados brasileiros fabricados pelos concorrentes italianos da Alemanha e vendidos pelos israelenses para o Exército das Filipinas.
