Paróquia de BH é invadida, e vândalos jogam imagem de santo em vaso sanitário

Imagem de São Geraldo foi colocada de cabeça para baixo em um vaso sanitário

Após um ataque, a Semana Santa não será como a dos anos anteriores na Paróquia São Geraldo, na região Leste de Belo Horizonte. Às vésperas da Sexta-Feira da Paixão (10), data tão importante para a tradição católica, a igreja acabou invadida, e a imagem de seu santo padroeiro, São Geraldo, colocada de cabeça para baixo em um vaso sanitário, instalado no banheiro do espaço onde são ministradas as aulas da catequese.

O oratório que costuma abrigar a imagem não chegou a ser quebrado ou destruído. O responsável pela invasão, aliás, chegou a desparafusar a estátua do santo com cuidado para não quebrá-la. O pároco Joel Roberto, de 50 anos, não acredita que seja um crime de intolerância religiosa. Esta é a terceira igreja de Belo Horizonte invadida entre o período da Quaresma e a Semana Santa. A Paróquia Coração Eucarístico de Jesus, na região Noroeste da cidade, e a Basílica Nossa Senhora de Lourdes, na regional Centro-Sul, também sofreram ataques nesse período.

O crime na Paróquia São Geraldo aconteceu na madrugada da Quinta-Feira Santa (9). Funcionárias que chegaram para trabalhar no espaço naquela manhã perceberam que havia algo estranho quando notaram a porta de vidro arrombada e a ausência da imagem do padroeiro no interior do oratório, instalado logo à entrada. Elas, então, acionaram o pároco Joel Roberto, a primeira pessoa a encontrar São Geraldo jogado no vaso sanitário.

“Quando eu olhei para dentro do oratório eu pensei: ‘gente, alguém veio roubar a imagem de São Geraldo? Com que sentido?’, isso porque o oratório não estava estragado, abriram a porta do oratório com todo o cuidado. Aí eu segui pelo corredor, já no pé da escada eu vi a cruz que fica na mão do santo, ela estava caída no chão quebrada. Subi as escadas e entrei no espaço onde ficam as salas de catequese, estava aparentemente tudo tranquilo no corredor. Quando cheguei à sala de espera, vi duas cruzes colocadas uma em cima da outra, muito bem arrumadinhas em cima do sofá”, conta.

Após entrar em quatro das sete salas onde acontecem as aulas da catequese, o padre estranhou o fato de todas estarem arrumadas, com as cadeiras e mesas no lugar. Em duas das salas, ele percebeu que as cruzes antes instaladas nas paredes tinham sido arrancadas. Na última delas, normalmente usada por psicólogos para atender pacientes gratuitamente, se deparou com um cenário trágico.

“Quando eu olhei do corredor para dentro da sala, vi que estava tudo remexido e encontrei no chão as mãos da imagem de São Geraldo, não parece que elas caíram, parece que elas foram colocadas cuidadosamente daquele jeito. Olhei em cima de uma das cadeiras, e encontrei uma cruz quebrada, mas arrumadinha”, relata.

Os livros dos psicólogos e os brinquedos usados com as crianças durante as sessões estavam jogados, além disso havia papéis espalhados pelo chão. “Nessa hora eu pensei: ‘a imagem tem que estar aqui’, então comecei a procurar. Quando eu cheguei no banheiro, eu vi a imagem inteira de São Geraldo, perfeita, de cabeça para baixo dentro do sanitário”, conclui.

Até o momento, não se sabe quem teria cometido o crime e quais as motivações. O pároco Joel Roberto está há sete anos na igreja São Geraldo e, até essa quinta-feira, nunca tinha presenciado um acontecimento tão violento no interior do templo. Ele não acredita que a invasão seja um crime de intolerância religiosa. “Se fosse intolerância religiosa, até onde eu sei, eles iam quebrar tudo. Mas, a pessoa teve todo o cuidado de abrir o oratório, a pessoa abriu com toda a delicadeza e tirou a imagem. Eu não tenho noção do que possa ser…”.

A invasão abalou toda a comunidade paroquial, principalmente por este ser um momento de muita fé e tradição para os católicos – a Semana Santa celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Cristo. “As pessoas estão muito feridas, a imagem não é um valor financeiro, é um valor afetivo. A comunidade católica está muito ferida, mas estamos recebendo muitas manifestações das pessoas de outras religiões. Por um lado, a gente fica até contente de ver a solidariedade das pessoas que não comungam da nossa fé, mas que estão doídas com o fato”, declarou.

A Paróquia São Geraldo é a terceira unidade da Igreja Católica atacada em Belo Horizonte no curto intervalo de pouco mais de um mês. Criminosos destruíram três imagens na Paróquia Coração Eucarístico de Jesus, na região Noroeste de BH, em março. A Basílica Nossa Senhora de Lourdes, na região Centro-Sul, acabou atacada duas vezes entre março e abril. A última invasão aconteceu às vésperas do Domingo de Ramos, no sábado passado (3) um homem de 45 anos arrombou a sacristia para roubar alguns pedaços de ferro. Ele acabou preso pouco depois.

VIARedação
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