Mulher gera sobrinho para cunhada que não pode ter filhos, em Itabira

Mesmo separadas por milhares de quilômetros, Aline Lopes Monte Mor, de Itabira, ofereceu o útero para a cunhada Rafaela Nascimento, que mora em Canoas (RS).

Aline ofereceu o útero para gerar o filho do irmão e da cunhada, que moram no RS — Foto: Reprodução / Redes Sociais

“Nada nessa vida é mais bonito que o amor. E o amor que sinto pelo meu irmão e pela minha cunhada me fez ter essa atitude de ser morada do meu sobrinho”, disse a motorista Aline Lopes Monte Mor, de 35 anos, que, depois de ver a cunhada perder duas gestações e fazer vários tratamentos sem sucesso para realizar o sonho de ser mãe, se ofereceu para ser barriga solidária da farmacêutica, de 37 anos, Rafaela Nascimento Matos.

Aline é irmã do marido de Rafaela e não aguentava mais ver a decepção do casal toda vez que perdia um bebê. “Depois que vi que não era possível ela ser mãe, eu ofereci meu útero para gerar meu sobrinho. Algum tempo depois, eles vieram me perguntar se a proposta ainda estava de pé, eu disse que sim e começamos os processos”, disse a motorista que já é mãe de duas meninas, Elis de 9 anos e da Esther de 5 que contam para todo mundo que a mãe está grávida do “primo-irmão” delas.

Aline com as filhas Esther, de 5 anos e Elis, atualmente com 9 anos. — Foto: Reprodução / Redes Sociais

Rafaela congelou embriões em uma clínica em São Paulo e Aline foi até lá para fazer todo o procedimento. Depois de muita expectativa da família, Aline engravidou e está à espera de Guilherme, seu sobrinho. “Foi muito emocionante. Tive o apoio do meu marido, de toda a família. É uma prova de amor. Sinto os incômodos normais de toda gravidez, mas o que importa é que Guilherme está aqui no “forninho” sendo gerado com muito amor por mim para que quando nascer, ser entregue para Rafaela e meu irmão Marcelo”, conta.


Atualmente, Aline está com 6 meses de gestação e Rafaela e Marcelo acompanham todo o desenvolvimento do filho deles por meio das redes sociais, devido a pandemia do novo coronavírus. O casal mora em Canoas, no Rio Grande do Sul e Aline mora em Itabira, em Minas Gerais. Eles não se veem pessoalmente desde 1º de fevereiro de 2020, quando foi feito o procedimento. Rafaela conta que acompanha tudo pelas redes sociais e chamadas de vídeo. “Gosto de ver como estão as coisinhas do Guilherme, como Aline está de saúde, a pandemia nos impediu de acompanhar de perto, de visitar, mas as redes sociais encurtam essa distância”, conta a farmacêutica.

Emocionada, Rafaela conta que ainda não achou palavras suficientes para agradecer a cunhada. “Ela é um ser iluminado. Não há como descrever a emoção de ver meu filho sendo gerado pela tia dele com amor e cuidado para realizar nosso sonho. É coisa de Deus mesmo”, conta.

De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de número 2.168, de 2017, a paciente que será barriga solidária deve pertencer à família de um dos parceiros, em parentesco consanguíneo até o quarto grau (mãe, filha, avó, irmã, tia, sobrinha ou prima). Segundo o CFM, o procedimento é ético desde que não haja transação comercial ou lucrativa. Mesmo com grau de parentesco, Aline disse que o irmão e a cunhada contrataram um advogado para os trâmites legais. “Eles resolveram tudo, eu fiz questão de assinar um documento no qual assumo que o bebê que estou gerando não é meu filho”, explica a motorista.


A previsão é que Guilherme chegue no mês de outubro. A família torce para que a pandemia tenha passado e que Rafaela e Marcelo consigam ir até Itabira acompanhar o nascimento do bebê. “Estamos com muita expectativa para que nossa ida dê certo. Não vemos a hora de ter o nosso filho tão sonhado nos braços”, conta Rafaela.

FONTEG1
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