Corpo de idosa morta com Covid é trocado por funerária e entregue para outra família em BH: ‘Estamos transtornados’, diz neto

Familiares denunciam que corpo de Leonora de Jesus Celestino, 91 anos, vítima da Covid-19, foi trocado em funerária de BH. — Foto: Reprodução/ Redes Sociais

“Dor e revolta”. É o que os familiares de Leonora de Jesus Celestino, de 91 anos, que morreu na madrugada de domingo (10), vítima da Covid-19, sentiram quando descobriram que o corpo da idosa havia sido trocado por uma funerária de Belo Horizonte, na tarde da segunda-feira (11). Pior: o corpo foi entregue para outra família.

A idosa estava internada no hospital São Francisco de Assis, no bairro Concórdia, na Região Nordeste de Belo Horizonte, desde sábado (9). Trata-se de um hospital filantrópico que presta atendimento pelo SUS.

“Minha avó foi internada na ala de Covid do hospital e ninguém dava as informações necessárias para a família. Nós só fomos saber da morte dela muitas horas depois. Os erros começaram desde a falta de informação do hospital até a funerária, que avisou que o corpo dela não havia sido encontrado. Estamos sem chão”, disse o neto de Leonora, Jaílson Rocha dos Santos.

Jaílson contou ainda que o hospital não autorizou ninguém da família a reconhecer o corpo da avó. Segundo ele, os trâmites para sepultamento foram feitos na funerária e tudo foi encaminhado para o cemitério da Saudade, no bairro Saudade, na Região Leste de BH.


“Nossa família estava esperando o corpo para o sepultamento desde as 13h. Passaram-se horas e nada de o corpo chegar. Ligamos para a funerária, que disse que havia acontecido um erro e que o corpo da minha avó não estava lá, que havia sido entregue para outra família. Estamos transtornados”, contou Jaílson.

Segundo o neto, o hospital e a funerária não esclareceram o que aconteceu com o corpo da idosa. “Toda hora falam alguma coisa diferente”.


‘Tomamos um susto’

O corpo de Leonora foi encaminhado para a família de Flaviano Rodrigues Reis. O pai dele, Fernando de Jesus Reis, de 68 anos, morreu no mesmo dia que a idosa, também de Covid-19. Segundo Flaviano, eles estavam internados na mesma ala do hospital.

Fernando de Jesus Reis estava na mesma alta da idosa, no hospital. — Foto: Arquivo pessoal

O vendedor disse que a situação é absurda e que não era possível perceber a troca, pois o caixão era fechado. “Tomamos um susto quando falaram da troca”.

“Achei estranho me deixarem ver o corpo hoje, para reconhecer. Porque não podia domingo e agora pode? Teria evitado essa confusão. Porque o São Francisco mudou agora?”, questionou Flaviano.

A neta de Leonora, Josiane chagas Celestino, contou que na manhã desta quarta-feira (13) os familiares dos idosos se reuniram com o departamento jurídico do hospital para falar sobre exumação dos corpos.


“Teve uma reunião com o jurídico e aí vai ser feita a exumação do corpo para realmente comprovar se é a minha avó que tá no túmulo dele, porque tem um terceiro corpo envolvido que a gente nem sabe quem é por enquanto, e aí eles vão fazer essa exumação, reconhecimento do corpo pra poder liberar minha avó para gente poder sepultar”, explicou ela.

‘Não houve devida conferência’

Em nota, a assessoria do Hospital São Francisco de Assis informou que “realmente houve um equívoco por parte da Funerária Emirtra no recolhimento do corpo para deslocamento ao local do enterro e quando o paciente vai a óbito, é feita a identificação para o mesmo e essa identificação o acompanha em todas as etapas, seguindo todos os processos sistêmicos da Fundação. Todas as etapas são registradas e conferidas por meio de protocolos para garantir a segurança da informação”.


Ainda segundo o hospital, “neste caso específico, foi identificado que não houve a devida conferência por parte da Funerária o que, infelizmente, ocasionou na troca dos corpos. Após tomar conhecimento do ocorrido, a alta gestão da Fundação prontamente realizou uma reunião com os envolvidos para solucionar o problema e acolhimento dos familiares. Na ocasião, a Funerária Emirtra assumiu a responsabilidade informando que adotará as ações necessárias para remediar o ocorrido, arcando com todas as despesas”.

A reportagem entrou em contato com a funerária Emirtra, mas, até a última atualização desta reportagem, não havia obtido retorno.

VIARedação
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