“Dor e revolta”. É o que os familiares de Leonora de Jesus Celestino, de 91 anos, que morreu na madrugada de domingo (10), vítima da Covid-19, sentiram quando descobriram que o corpo da idosa havia sido trocado por uma funerária de Belo Horizonte, na tarde da segunda-feira (11). Pior: o corpo foi entregue para outra família.
A idosa estava internada no hospital São Francisco de Assis, no bairro Concórdia, na Região Nordeste de Belo Horizonte, desde sábado (9). Trata-se de um hospital filantrópico que presta atendimento pelo SUS.
Jaílson contou ainda que o hospital não autorizou ninguém da família a reconhecer o corpo da avó. Segundo ele, os trâmites para sepultamento foram feitos na funerária e tudo foi encaminhado para o cemitério da Saudade, no bairro Saudade, na Região Leste de BH.
Segundo o neto, o hospital e a funerária não esclareceram o que aconteceu com o corpo da idosa. “Toda hora falam alguma coisa diferente”.
‘Tomamos um susto’
O corpo de Leonora foi encaminhado para a família de Flaviano Rodrigues Reis. O pai dele, Fernando de Jesus Reis, de 68 anos, morreu no mesmo dia que a idosa, também de Covid-19. Segundo Flaviano, eles estavam internados na mesma ala do hospital.
O vendedor disse que a situação é absurda e que não era possível perceber a troca, pois o caixão era fechado. “Tomamos um susto quando falaram da troca”.
A neta de Leonora, Josiane chagas Celestino, contou que na manhã desta quarta-feira (13) os familiares dos idosos se reuniram com o departamento jurídico do hospital para falar sobre exumação dos corpos.
“Teve uma reunião com o jurídico e aí vai ser feita a exumação do corpo para realmente comprovar se é a minha avó que tá no túmulo dele, porque tem um terceiro corpo envolvido que a gente nem sabe quem é por enquanto, e aí eles vão fazer essa exumação, reconhecimento do corpo pra poder liberar minha avó para gente poder sepultar”, explicou ela.
Em nota, a assessoria do Hospital São Francisco de Assis informou que “realmente houve um equívoco por parte da Funerária Emirtra no recolhimento do corpo para deslocamento ao local do enterro e quando o paciente vai a óbito, é feita a identificação para o mesmo e essa identificação o acompanha em todas as etapas, seguindo todos os processos sistêmicos da Fundação. Todas as etapas são registradas e conferidas por meio de protocolos para garantir a segurança da informação”.
Ainda segundo o hospital, “neste caso específico, foi identificado que não houve a devida conferência por parte da Funerária o que, infelizmente, ocasionou na troca dos corpos. Após tomar conhecimento do ocorrido, a alta gestão da Fundação prontamente realizou uma reunião com os envolvidos para solucionar o problema e acolhimento dos familiares. Na ocasião, a Funerária Emirtra assumiu a responsabilidade informando que adotará as ações necessárias para remediar o ocorrido, arcando com todas as despesas”.
A reportagem entrou em contato com a funerária Emirtra, mas, até a última atualização desta reportagem, não havia obtido retorno.