Preso deficiente que aplicou golpe em BH para comprar cadeira de rodas especial

Um deficiente físico que aplicou golpe para comprar uma cadeira de rodas motorizada avaliada em R$ 7,5 mil foi preso. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito realizou a negociação pela internet, e saiu de São Paulo para pegar o equipamento com a vítima, que mora em Belo Horizonte.

Delegada da capital mineira, Ana Paula Gontijo contou que a quadrilha enviou para a vítima um comprovante de transferência falsificado para simular o pagamento do produto. “Logo em seguida, um motorista de aplicativo apareceu na casa da vítima para a retirada do bem. Passado um tempo da entrega, a vítima percebeu o golpe, vez que não havia nenhum depósito”, relatou a investigadora.

Segundo a delegada, após o registro de ocorrência, a equipe de investigadores realizou um trabalho de inteligência e  identificou outras 10 vítimas do bando criminoso. “A partir dessas informações, fizemos cruzamento de dados, rastreamento, inclusive de motorista de aplicativos, análise de imagens de monitoramento de vias públicas, e chegamos à conclusão de que havia quatro suspeitos, todos residentes em São Paulo, que estavam em Belo Horizonte para aplicar esse golpe. Os crimes começaram em agosto de 2020 e temos levantamento de vítimas até novembro de 2020”, informou.

A Polícia Civil de São Paulo foi acionada e, junto com a equipe mineira, prendeu os quatro suspeitos, sendo o cadeirante um deles. A cadeira de rodas foi recuperada e devolvida para a vítima. A mulher que caiu no golpe informou que vai doar a cadeira de rodas eletrônica para um menino cadeirante que depende de um carrinho de supermercado para ir à escola

Operação Stranger

As prisões dos quatro suspeitos ocorreram durante a Operação Stranger, para combater o crime de estelionato em sites de compra e vendas de produtos. A Justiça expediu quatro mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos na capital paulista, em Guarulhos e em São Bernardo no último dia 29.

Com a quadrilha, além da cadeira de rodas motorizada, foram apreendidos outros materiais. “Em um dos imóveis alvo, foram encontrados cédulas falsas no valor de R$ 2, R$ 5, R$ 10 e R$ 20 e também todo o equipamento para confecção dessas notas. Mas os suspeitos que estavam nesses locais não eram os mesmos que vieram para Belo Horizonte, ajudar o cadeirante (suspeito) com esses golpes”, detalhou a delegada Ana Paula Gontijo.

Ameaça e coação

Os policiais civis perceberam que no local vistoriado morava um cadeirante, e que havia havia sinais de que recentemente ele teria deixado o imóvel. “Identificamos o rastro da cadeira de rodas e conseguimos localizá-lo no apartamento do vizinho”, disse a investigadora.

“Ele mantinha o casal de vizinhos sob ameaça, alegando ser de uma facção criminosa paulista e obrigado os moradores a conceder guarida. Ou seja, sob ameaça, ele manteve esses vizinhos em cárcere privado. E nessa tentativa de fuga ele contou com a ajuda de um outro suspeito, que também não está envolvido com os casos de estelionato ocorridos em BH”, revelou Ana Paula.

Ao todo, quatro suspeitos foram presos: três por moeda falsa e dois por cárcere privado, sendo que o cadeirante responde pelos dois crimes, uma vez que em sua residência foram encontradas notas falsas.

Denúncia

Segundo a delegada Ana Paula, o registro de ocorrência é fundamental para o sucesso da investigação. “Sempre friso a importância das vítimas comunicarem o fato e fazerem o registro da ocorrência na Polícia civil para que a gente consiga, com o cruzamento de informações, obter dados acerca de uma associação criminosa e ter meios para conseguir rastrear os produtos que elas perderam”, ressaltou.

A delegada da Regional Centro, Danielle Altaf, ainda acrescenta que “no crime de estelionato, de acordo com a legislação atual, a vítima precisa fazer a representação criminal para o início da investigação. Não basta apenas a notícia do crime, o registro de ocorrência. A vítima tem que formalizar essa representação”, concluiu.

COMPARTILHAR

SEM COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA