Sete-lagoana tem reencontro emocionante com filhos em Itabira após 14 anos de separação

Parte da família reunida

Um reencontro emocionante, daqueles que arrancaria lágrimas até mesmo do mais gélido coração. Assim foi o desfecho da história de uma mãe que havia sido separada do casal de filhos há 14 anos, na última segunda-feira, 19 de março, em Itabira. O começo dessa nova vida foi intermediado pela equipe social do Conselho do Bem-Estar do Menor (Combem), no bairro Bethânia, onde aconteceu o reencontro. A mãe Silvani Tavares de Oliveira, 40 anos, e os filhos Líbina de Oliveira, 18, e E.O., 16, se abraçaram de maneira tão calorosa, sendo impossível imaginar que o último contato fazia mais de uma década.

A separação aconteceu em 2004, após um grave desentendimento entre ela e o pai dos jovens, que a ameaçou de morte, no interior de Minas Gerais. No calor dos ânimos, Silvani pegou a filha mais velha no colo, na época com 6 anos, mas não conseguiu levar os irmãos, com 4 e 2 anos. Ao voltar para buscar Líbina e E.O., o marido já havia fugido com as crianças. A mãe nunca mais os viu. Anos mais tarde, se casou novamente e teve outra filha, hoje com 12 anos.

Desde a separação, ao longo dos anos, Silvani tentou diversos meios para localizá-los. A preocupação, além da saudade, era se eles estavam bem, se comiam, se estavam sendo bem tratados. Ela recorda o tempo de espera: “Esses anos todos, todas as vezes que eu colocava uma colher de comida na boca para mim, meus filhos estavam com fome. Para mim, tinha que dar a eles também. Você sabe o que é passar quase 16 anos comemorando um aniversário sem filhos?”, recorda, aos prantos.

Silvani ainda comentou que ficou muitos anos até mesmo sem assistir programas de TV que promovem reencontros familiares, para tentar esquecer sua condição.

Esperança

Mesmo sem nenhuma pista do paradeiro dos filhos, até então, Silvani tinha certeza de que os reencontraria, cedo ou tarde. Ela revela que quando ia cantar ou pregar em igrejas, mesmo em cidades desconhecidas, pessoas a abordavam com recados incomuns, que ela atribui terem sido de Deus. “Muitas pessoas chegavam e falavam: ‘Deus manda falar com você que não é para se preocupar com os seus, pois dos seus Ele está cuidando e na hora certa eles vão voltar’. Eu não era de contar minha história para desconhecidos”.

Para Silvani, a espera poderia ser traumática e estressante, se não estivesse envolvida em trabalhos voluntários, obras em igrejas e com crianças.

Idas e vindas

Ao mesmo tempo, Níbila e E.O. levavam a vida ao lado do pai, de cidade em cidade, entre a Bahia e Minas Gerais, acreditando na história contada pelo genitor, de que a mãe havia morrido no parto. Até que em 2015, com o falecimento dele, os adolescentes foram acolhidos em um abrigo na Bahia e comentaram que o pai relatava ter morado com uma mulher em Itabira. Foi a pista que faltava. A direção do abrigo, através do Conselho Tutelar de Itabira, localizou essa pessoa e ela se dispôs a cuidar do casal.

Em 2016, eles foram para uma casa-lar, ainda em Itabira. Numa conversa informal com a assistente social que os acompanha desde essa época, Denise Carcovichi, o menino disse que tinha uma irmã mais velha e citou o nome dela. Através de uma pesquisa de Facebook, informações foram trocadas e ela afirmou que a mãe não havia morrido, mas morava em Sete Lagoas e sentia muita falta dos filhos. A entidade contatou Silvani, que não acreditou na notícia de que aqueles que ela viu ainda pequenos estavam a menos de 200 quilômetros de distância. O fato alegrou a equipe da entidade envolvida no caso, as assistentes sociais Denise, Honilia Cristina, a psicóloga Izabella Fernandes, e o diretor da entidade, Júlio Rodrigues, que promoveram o reencontro.

Ansiedade

Entre a sexta-feira, 16, e o dia do encontro, 19, tamanha ansiedade em ter os filhos nos braços novamente, que Silvani  sentiu dores no peito e até brincou com a situação: “Eu não poderia ter um infarto ou um AVC justamente agora. A gente fica tão feliz que é uma coisa que não tem como descrever. Eu estou fazendo de tudo para não chorar, pois eu não posso chorar muito, já chorei tanto de sábado para cá e esses anos todos”, contou, às gargalhadas.

Eufórica, agora Silvani revela que pretende curtir ao máximo a família e que seu projeto é mantê-la sempre junta.

“Os planos daqui para a frente? Não separar nem um minuto. Eu estou muito feliz com isso. Tudo que eu puder fazer, de agora para frente, é viver para meus filhos”, adiantou. Os adolescentes estão de malas prontas para Sete Lagoas rumo a nova história com a mãe, de onde nunca deveriam ter saído.

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