Secretário de Saúde esclarece sobre medidas assistenciais relacionadas ao coronavírus

Momento da coletiva do secretário de saúde

O secretário municipal de Saúde, Flávio Pimenta, participou de uma sabatina na tarde desta quarta-feira, 1º, quando respondeu a perguntas de jornalistas de Sete Lagoas quanto às medidas adotadas para aumentar a estrutura assistencial em Sete Lagoas. A entrevista foi transmitida por redes sociais da Prefeitura e também pela plataforma Youtube e esclareceu várias situações sobre o enfrentamento do coronavírus e a preparação do município em caso do agravamento da crise, com eventual aparecimento de novos casos. Confira os principais trechos da entrevista.

SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA

O boletim atualizado desta quarta-feira, 1º de abril, traz 318 casos notificados, 283 são considerados suspeitos e estão sob investigação, dois foram confirmados positivos e 33 notificações foram descartadas. Um paciente que esteve em estado grave foi testado e estamos aguardando o resultado também. Quanto a uma avaliação geral, estamos dependendo sempre dos resultados que chegam da Funed. (na atualizações desta quinta-feira, 2, são 333 notificados, sendo 298 em investigação, 2 positivos e 33 descartados).

TESTES E RESULTADOS

Fizemos um contato com o Comitê de Gestão de Crise do Estado e, numa reunião que participei em BH, foi colocada esta questão de ampliação de estrutura de laboratórios adequados para este exame. Dentro de uma estrutura local, já estamos planejando a estruturação de uma equipe para realização desses testes. Conseguimos pesquisadores da UFMG e um alinhamento com a Unifemm e a Embrapa. A composição dessas forças permite partir para esta linha de pesquisa. Vamos implementar um laboratório para esta demanda. A rede hoteleira, por meio do Grupo Uai, também foi muito solícito e vai estruturar a hospedagem para esses profissionais e outros que possam atuar em nossa assistência.

GABINETE DE CRISE

Desde o início desta crise, a Secretária de Saúde montou uma equipe de profissionais de diversos setores para atuar no enfrentamento. Em seguida, entendemos e fomos orientados por outros setores da sociedade sobre a necessidade de montar uma estrutura maior, de âmbito municipal. Então foram chamados representantes do Executivo, Judiciário, forças de segurança e órgãos de saúde. Todos estes serviços se integraram para compor o Gabinete de Crise. Quando entregou em vigor o decreto do Estado, esta estrutura foi modificada, mas prevaleceu o núcleo e outros representantes da sociedade foram integrados.

PROTEÇÃO POR EPI

Todos os hospitais de Sete Lagoas, em algum momento, tiveram alguma dificuldade em adquirir equipamentos de segurança para os colaboradores. A Secretaria de Saúde trabalha forte nisso e, inclusive, quando conseguimos fornecedores, passamos componentes para outros hospitais e outras secretarias de municípios que abrangem nossa região. Essa é uma busca contínua. Fizemos um bom aporte e acreditamos que são suficientes para os nossos profissionais trabalharem.

REFORÇO POR DOAÇÕES

Uma empresa de Santa Catarina doou 5 mil máscaras N95 e outra empresa de Sete Lagoas fez o transporte gratuitamente. Várias doações começam a chegar de empresas que entendem a situação de necessidade. A Agropel de Pompéu e a Ambev doaram álcool líquido. Começam a chegar alguns componentes da sociedade, como máscaras, luvas e outros EPIs.

AMPLIAÇÃO ASSISTÊNCIAL

Estão sendo realizadas reuniões com a Secretaria de Estado de Saúde e profissionais que integram esta assistência para entender o que temos e onde podemos expandir. O Hospital Nossa Senhora das Graças tem 14 leitos funcionando e pode expandir para mais 14. O Hospital Municipal tem 13 leitos em atividade, podendo chegar a 21 leitos de UTI ou de assistência de suporte avançado. A Unimed tem seis leitos de UTI funcionando. Lógico que, quando pensamos em expansão, levamos em consideração o material humano, as equipes, e estruturação de equipamentos. Temos ainda uma possibilidade de ampliação na UPA, mas vamos depender dessa composição de equipe e equipamentos.

FALTA DE DIRETRIZ ESTADUAL

Infelizmente estamos vivendo uma situação onde ninguém tem parâmetro. É uma ansiedade que nós temos, a população tem e, inclusive, os outros secretários de saúde da região estão sem referência para montar suas estruturas. O Estado ainda não conseguiu referenciar os municípios. Fomos orientados apenas a montar a maior estrutura possível, tanto para a alta complexidade como para o suporte complementar. Aí falo de hospital de campanha e leitos clínicos.

CAPACIDADE IDEAL

Recentemente, em uma entrevista, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, apontou que o Brasil tem até um bom número de leitos de UTI, levando em consideração as estatísticas mundiais. Isso muito em função da necessidade de atendimentos relacionados aos traumas de acidentes de carro. A orientação é 2,6 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes, então, projeto para a região de Sete Lagoas a necessidade de 90 a 100 leitos. Porém, para o Governo de Minas, esta estrutura que está sendo montada em BH vai atender um pouco de nossa demanda. Questiono isso e estou reforçando o desejo de termos a estrutura aqui em nossa cidade.

RECURSOS PRÓPRIOS

Começamos a trabalhar em questões de aporte financeiro com recursos nossos. O Estado demorou a nos respaldar e somente agora começa a chegar um pouco de recurso federal e estadual, mas é um valor que nem supre o que consumimos. Ainda precisamos de muito apoio para aumentar esta estrutura. Temos uma proposta de aumentar 17 leitos de UTI na UPA e fazer um hospital de campanha na sede de Cismissel. A Cismissel já tem uma estrutura nova com condição da parte hidráulica e elétrica muito boa, um ótimo espaço físico e a estrutura construída disponível e montada.

FALTA DE PARÂMETROS

Infelizmente ainda não temos referência. São várias orientações de diversos tipos de como vai se comportar a doença nos próximos meses. Não sabemos se no Brasil será diferente ou se é justificável fazer esta estrutura. Se vamos ter remédio ou não. Estamos fazendo o possível dentro da nossa capacidade, contando com o Estado, que promete apoio.

APOIO FINANCEIRO

Entendo que precisamos de apoio financeiro para montar uma estrutura, procuramos entidades e a iniciativa privada. Também recebemos o apoio da Câmara Municipal, que disponibilizou carros e motoristas para a atuação em campo. Ainda solicitamos ao presidente da Câmara a antecipação da devolução de recursos, que normalmente é feita no fim de cada ano. Com orientação do Ministério Público e da Procuradoria da Saúde, foi feito um Projeto de Lei para criação de um Fundo que receberia esses aportes para estruturação do sistema.

UNIDADES ABERTAS ATÉ 22H

Com estas perspectivas de demanda, cinco unidades da Secretaria de Saúde começam a funcionar em horário especial nesta quinta-feira, dia 2. O atendimento será estendido nas unidades dos bairros Santa Luzia, Jardim Europa, São Geraldo, CDI e JK. Uma alternativa para que possamos aumentar nossa capacidade de atendimento.

CASOS POSITIVOS

Os dois pacientes que foram testados positivos em Sete Lagoas para a Covid-19 vieram de fora. Cada momento da epidemia segue um fluxo de atendimento e testagem. O direcionamento depende do comportamento da doença. Neste primeiro momento, fizemos investigação de toda suspeita da doença que veio de fora, porque queríamos identificar o foco de transmissividade. Dois pacientes foram rastreados, os casos foram confirmados, mas os sintomas foram leves e não foi necessária internação. Houve controle com isolamento domiciliar, eles foram acompanhados e já saíram deste período de isolamento, estão bem e contribuem no sentido de pesquisas.

ORIENTAÇÃO MÉDICA

Recentemente, uma pessoa estava com sintomas leves, ligou na Secretaria de Saúde e procurou orientação dizendo que estava em casa. É isso mesmo. Quem está com sintomas leves, um sinal gripal, não precisa ir imediatamente a uma unidade de saúde. Esta busca de assistência deve ocorrer quando os sintomas, como febre, tosse e falta de ar, estão associados. Estamos estruturando a UPA justamente para tentar isolar possíveis quadros suspeitos ou não. A UPA continua sendo a unidade de referência.

VIARedação
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